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Há música no jardim | |
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9 de maio de 2025 | 17HCRÍTICA E ENTRETENIMENTO |
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"As cantigas (…) são um meio seguro e ativo da propagação de uma ideia: mais ativo do que o panfleto, a canção, pela melodia do ritmo musical, pela cadência do verso, pela precisão da forma, pelo seu espírito leve, prende mais as inteligências e fica mais fortemente na memória. (…) O panfleto é um raciocínio, a canção é um grito.” (Distrito de Évora, nº 2, 10 de Janeiro de 1867). Estas palavras, retiradas de um artigo escrito por Eça de Queiroz, dá-nos conta de um reconhecimento da força da música como elemento disseminador da palavra que muitos desconhecem. A famosa "Geração de 70” do século XIX, que tanto tinta fez correr nos periódicos da época, não só por Eça, mas também por outros vultos, como Antero de Quental, Ramalho Ortigão, Guerra Junqueiro, Teófilo Braga e Jaime Batalha Reis, entre outros, contribuiu de forma muito ativa para o desenvolvimento entre a elite burguesa de Lisboa de uma forma de entretenimento musical de matriz operática: a opereta. Este modelo musical, abrindo as portas à língua portuguesa, que a ópera séria continuava a desprezar em prol do idioma italiano, potencializava o recurso a textos satíricos, assentes muitas vezes em críticas a episódios e indivíduos do próprio quotidiano da época. Um dos mais notáveis compositores desta tipologia musical foi Augusto Machado (1845-1924), criador que integrou igualmente a "Geração de 70" e privou especialmente de perto com Eça de Queiroz e Batalha Reis. Machado notabilizou-se pelo facto de garantir a mesma elevação musical na opereta que imprimia às óperas que fazia subir ao palco no Teatro Nacional de São Carlos.O presente programa dar-nos-á conta desta ambivalência criativa, com a promessa de transformar o concerto num momento de inesquecível entretenimento. |
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PROGRAMA MARIA DA FONTE (Gervásio Lobato) 1879 A LEITORA DA INFANTA (Eça Leal) 1893 TIÇÃO NEGRO (Henrique Lopes de Mendonça) 1902 O RAPTO DE HELENA (Acácio Antunes)1902 |
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EDUARDA MELO | SopranoFoi galardoada com o 2º prémio do concurso internacional de canto de Toulouse. É convidada para numerosos festivais na Europa e já trabalhou com maestros como Marc Minkowski, Jérémie Rohrer, Ton Koopman, Hervé Niquet, Jean-Claude Casadesus, Antonello Allemandi em prestigiadas casas de ópera (Glyndebourne, Marseille, Lille, Nice, Caen, Dijon, Paris, Lisboa). Em ópera destacam-se os papeis de Soeur Constance (Dialogues des Carmelites), Euridice (Orfeo ed Euridice), Corinna (Il Viaggio a Reims), La princesse Laoula (L’Étoile), Rosina (Il Barbiere di Seviglia), Elvira (L’Italiana in Algeri), Norina (Don Pascuale), Musetta (La Bohème), Despina (Cosi Fan Tutte), Erste Dame (Die Zauberflöte), Zerlina (Don Giovanni), Dalinda (Ariodante) Rinaldo (Armida/Myslivecek), Stéphano (Romeo et Juliette), Frasquita (Carmen), Gabrielle (La Vie Parisienne), Valencienne (La Veuve Joyeuse) e Elle (La voix Humaine). No âmbito da música contemporânea tem participado em criações de António Pinho Vargas, Nuno Côrte-Real, Luís Tinoco e Nuno da Rocha. Colabora regularmente com Le Concert de la Loge (Julien Chauvin), Divino Sospiro e Ludovice Ensemble.Na temporada 2022/2023 destacam-se dois papéis em estreias modernas. A estreia da ópera "Paraíso” de Nuno da Rocha (CCB) e a ópera "Three Lunar Seas” de Joséphine Stephenson (Opéra Grand Avignon). |
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TIAGO MATOS | BarítonoFoi recentemente Guglielmo na ópera Così Fan Tutte, de Mozart, no Coliseu do Porto e o sargento Belcore, em L’Elisir d’Amore, de Donizetti. Participou ainda na estreia mundial de Mátria (Fernando Lapa e Eduarda Freitas), sendo Ti Raul e Padre Gusmão. Interpretou ainda as Songs, Drones and Refrains of Death de George Crumb com o Remix Ensemble e regressou ao Coliseu do Porto com a Orquestra Filarmonia das Beiras para apresentar El Retablo del Maese Pedro (Falla) onde veste a pele de Don Quichotte. Entre outras interpretações, destaque para Le Dancaïre e Moralès, em Carmen, de Bizet; L’Horloge Comtoise e Le Chat, em L’Enfant et les Sortilèges, de Ravel e Mercutio em Roméo et Juliette de Gounod. Futuramente regressará ao TNSC para integrar o elenco da Trilogia das Barcas (Braga Santos) e ao CCB para a nova produção de Maria da Fonte (Augusto Machado). |
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JOÃO PAULO SANTOS | Piano e Direção Musical Nasceu em Lisboa, em 1959, tendo concluído o curso de piano do Conservatório Nacional desta cidade, na classe de Adriano Jordão. De 1979 a 1984, estudou em Paris com Aldo Ciccolini. Ainda em Paris, foi convidado pela direção do Teatro Nacional de São Carlos para, a partir da temporada de 1984/85, desempenhar as funções de Maestro Assistente deste Teatro. Na temporada de 1987/88, foi convidado para Assistente do então Maestro Titular do Coro, Gianni Beltrami, acumulando estas funções com as que já exercia. Desde a temporada de 1990/91, desempenha o cargo de Maestro Diretor Titular do Coro do Teatro de São Carlos. Da sua carreira destaca-se a direção, em 1990, da ópera de William Walton, "The Bear”, para a RTP, no Teatro da Cornucópia, com encenação de Luís Miguel Cintra; em 1994, as óperas "Cânticos para a Remissão da Fome” de António Chagas Rosa e "Let’s make an opera” de Britten; a estreia mundial da ópera "Édipo”, a "Tragédia do Saber” de António Pinho Vargas, na Culturgest; a primeira apresentação em Portugal da obra "Renard” de Stravinsky; a estreia mundial da ópera "Os Dias Levantados” de António Pinho Vargas; um programa inteiramente preenchido com música do século XX (Schnittke, Pousseur e Corghi) e ainda "Les Noces” de Stravinsky. No Teatro Nacional D. Maria II, dirigiu "Sweeney Todd” de Stephen Sondheim. |